A poesia me pega com sua roda dentada, me força a escutar imóvel o seu discurso esdrúluxo. Me abraça detrás do muro, levanta a saia para eu ver, amorosa e doida. Acontece a má coisa, eu lhe digo, também sou filho de Deus, me deixa desesperar. Ela responde passando a língua quente em meu pescoço, fala pau prá me acalmar, fala pedra, geometria, se descuida e fica meiga, aproveito para me safar. Eu corro ela corre mais, sete demônios mais forte. Me pega a ponta pé, e vem até na cabeça, fazendo sulcos profundos . É de ferro a roda dentada dela.